Getting your Trinity Audio player ready... |
Não é de hoje que a economia de Portugal é considerada resiliente e forte o suficiente para sobreviver às inúmeras crises, pelas quais o país já passou.
Após a crise de 2008, onde o país foi salvo graças à União Europeia, a economia portuguesa passou por muitos altos e poucos baixos, até a recente crise de 2020, que acabou afetando o mundo todo, por conta da pandemia.
Assim, como será que anda a economia de Portugal? Quais são as perspectivas para os próximos anos? Será que ainda vale a pena investir lá?
A história da economia portuguesa
Antes de irmos aos finalmentes, é importante darmos um contexto para justificar o quanto a economia de Portugal é resiliente.
Bom, o país demorou séculos para deixar de lado o estilo colonialista da sua economia, e foi somente a partir da década de 1970, que a economia portuguesa passou a ter características progressistas, deixando de lado aquele modelo controlador e protecionista do Estado, passando a adotar políticas mais modernas e de abertura ao exterior.
Desde então, Portugal passou a adequar a sua economia às práticas mais modernas, a exemplo dos países vizinhos e, em 1999 passou a integrar a Zona Euro, passando a ter de respeitar uma série de regras para atendimento de políticas rígidas de macroeconomia.
Dessa forma, Portugal foi aos poucos reconstruindo a sua economia, não focando somente em atividades do Setor Primário (agricultura, pecuária, mineração, caça e pesca), mas passando a investir nos demais setores.
Só para se ter uma ideia, o setor primário, na década de 60, representava 24% da economia de Portugal, contra somente 2,4%, em 2020, segundo dados compartilhados pelo Banco de Portugal.
Assim, com a troca do foco, os setores da indústria e dos serviços passaram a ter mais destaque na economia de Portugal e, recentemente, o chamado quarto setor da economia, que é formado pelas atividades intelectuais e de inovação, também passou a ter destaque no país, o que vem atraindo profissionais de tecnologia e startups ao país.
Apesar do cenário positivo, Portugal ainda precisa atender às demandas do bloco europeu e acompanhar o desenvolvimento dos demais países, principalmente, no que diz respeito ao desenvolvimento das indústrias transformadoras, que são aquelas que transformam matéria prima básica em bens de valor. Em outras palavras, produzir mais máquinas e menos ferro.
Além da corrida pelo desenvolvimento das indústrias transformadoras que, em 2019, representou 13,5% do PIB português, contra 16,5% da média dos países europeus, Portugal também deve atender aos protocolos de preservação ambiental e menos emissão de CO2, conforme previsto no Pacto Ecológico Europeu e no Acordo de Paris.
Por todo o breve histórico que falamos até aqui, já dá para se ter uma ideia sobre o processo de transformação da economia portuguesa.
Ao deixar de ser uma economia focada no setor primário, e ter uma visão mais estratégica e globalizada, focada nos setores que, realmente, irão contribuir para o enriquecimento do país, Portugal está trilhando um longo e bom caminho, para ser reconhecido como um dos países mais ricos da Europa.
Bom, com uma economia ativa, as crises são naturais e Portugal não ficou de fora!
A beira da falência – crise de 2008 em Portugal
Talvez, a mais marcante crise da economia de Portugal, que quase levou o país à falência, tenha sido a crise de 2008.
Foi com tal crise que o país se viu obrigado a pedir um resgate econômico da União Europeia e FMI, em 2011, no valor de 78 bilhões de euros, com a condição que fossem implantadas políticas político-econômicas que reduzissem os déficits orçamentários do governo por meio de cortes de gastos, aumento de impostos ou uma combinação de ambos.
Com a corda no pescoço e com uma troca de governo centro-direita, para centro-esquerda, em 2015, o país passou a experimentar melhorias nunca antes experimentadas e o PIB do país, em 2017, cresceu 2,7%.
Portugal passou a viver os melhores momentos da sua economia e aprendeu que investir em educação e infraestrutura eram a chave para atrair mais investimentos ao seu território e, foi a partir de então que os investimentos estrangeiros passaram a entrar no país.
Um dos exemplos de incentivo para o ingresso de capital estrangeiro foi, inclusive, a criação do Golden Visa que funcionou como um dos impulsionadores da economia portuguesa.
Crise de 2020 – como ficou a economia portuguesa
E não tem como falarmos de crise, sem mencionar a que ainda está em andamento.
A pandemia não afetou somente a economia de Portugal, mas a do mundo todo, porém, em terras portuguesas, ela teve impacto marcante em um dos setores mais importantes da economia do país, o turismo.
Com uma participação de quase 15% no PIB português, em 2018/2019, com a pandemia, o setor passou a contribuir somente com 5,2% em 2020/2021.
Além do setor, o país experimentou uma queda de 8,4% em seu PIB/2020,o que não era visto desde 1936.
Entretanto, apesar do cenário pessimista, a economia de Portugal foi uma das que melhor se recuperou, dentre os países da União Europeia.
A boa recuperação, talvez tenha sido decorrente dos trabalhos que foram feitos antes da pandemia. Assim, em 2021 a economia portuguesa atingiu crescimento de 5,8%, sendo a maior taxa da União Europeia, se comparada com a Alemanha, que cresceu 2,7%.
Ou seja, apesar dos estragos que a pandemia, a economia portuguesa está se recuperando bem e a tendência é que, com a abertura das fronteiras, aos poucos, a expansão voltará a acontecer de forma orgânica.
Alguns dados importantes sobre a economia de Portugal
Bom, depois de termos passado um cenário histórico geral sobre a economia portuguesa, vamos para alguns dados recentes (2021) sobre o país, que podem dar uma visão dos cenários atuais de trabalho e consumo.
Taxa de desemprego
Portugal fechou 2021 com uma taxa de desemprego de 5,8%, valor abaixo da média europeia, que fechou em 7,0% e, se compararmos com o Brasil, que fechou o ano de 2021, com uma taxa de 11,1%.
Inflação em Portugal
Após uma leve recuperação na economia após 2020, Portugal fechou o ano de 2021, com uma inflação média anual de 1,3%, segundo dados do INE.
Apesar da boa notícia, com a recente guerra na Ucrânia, o país no primeiro trimestre de 2022, já está experimentando uma inflação de 7,20%.
Taxas de juros para empréstimos bancários
Se você estiver pensando em comprar um imóvel em Portugal ou até mesmo um carro, e estiver pensando em financiar o valor, saiba que os juros estão aumentando.
Em 2019, os juros para empréstimos bancários chegaram a ser 1,7%, porém, em dezembro de 2021, o valor fechou em 3,9% e em março de 2022, já está em 4,5%.
Rendimento médio das famílias em Portugal
Segundo os dados do INE, a média de renda mensal que um adulto recebe em Portugal é de 1.094€ (2020), o que é um valor acima do salário mínimo, considerado um dos mais baixos da União Europeia, no valor de 705€ (2022).
Apesar do valor parecer baixo, se compararmos somente o valor, vale observar que o poder de compra da população portuguesa é de 77% (2020), o que ainda representa um bom cenário, se formos comparar com o Brasil, mas ainda é um dos índices mais baixos do bloco europeu.
E se você quiser ter uma ideia de quanto é o custo de vida em Portugal, fizemos um artigo sobre o assunto aqui.
Produtos que são mais exportados em Portugal
A exportação é uma atividade muito importante para o aquecimento da economia portuguesa e, segundo o INE, de janeiro-março de 2022, mais de 18 bilhões de euros em bens e produtos já foram exportados de Portugal.
Entretanto, quais são os produtos mais exportados?
Atualmente, há uma lista grande de produtos que são exportados, mas os que ocupam as primeiras colocações são produtos da agropecuária, alimentares, de vestuário, produtos químicos, entre outros.
Onde ficam os estrangeiros na economia portuguesa
Como falamos antes, desde que Portugal adotou a postura de se abrir mais ao mercado estrangeiro, foram muitos os investimentos que o país atraiu nos últimos anos.
Só para se ter uma ideia, segundo estudo publicado pela empresa de auditoria independente, EY, Portugal estava entre os 10 países mais atrativos para investimentos estrangeiro em 2021.
O cenário não errou e, em 2021, foram quase 3 bilhões de euros de investimentos estrangeiros em Portugal, sendo que de tais valores a maioria, é decorrente de países europeus e dos Estados Unidos.
Vale observar que o destino dos investimentos estrangeiros são variados, porém, a maioria ainda dedicada ao setor imobiliário.
Para os brasileiros, que hoje já ocupam 27% da população estrangeira que vive em Portugal, os investimentos variam desde o setor imobiliário, até setores do empreendedorismo e também no setor de serviços e empresarial, já que muitos vão trabalhar no país.
Qual a atuação do governo na economia de Portugal?
Desde que o governo passou a adotar uma postura menos intervencionista na economia do país, a partir da década de 70, as atuações governamentais passaram a ser pontuais e visam buscar o incentivo fiscal, para atrair mais investimentos.
Assim, desde a lição que a crise de 2008 trouxe ao país e as condições que foram impostas pela União Europeia e FMI, após o empréstimo bilionário, de que o país teria de criar medidas de contenção de gastos públicos e redução fiscal, é assim que o governo português tem atuado.
Exemplos de tais medidas são os programas Portugal 2020 e, atualmente, o Portugal 2030 que, além de medidas de incentivos fiscais para atração de investimentos, os programas buscam desenvolver a economia de maneira sustentável.
Se quiser conhecer um pouco mais sobre o programa atual, Portugal 2030, fizemos um artigo sobre ele, aqui.
Como brasileiro é possível receber incentivo do governo para investir em Portugal?
Sim. A boa notícia é que tais incentivos e programas de desenvolvimento de empresas em Portugal, são abertos para todos.
Assim, se você deseja empreender em Portugal, é interessante verificar os programas que estão abertos nos sites IAPMEI e Portal dos Incentivos, para você poder verificar a melhor opção para você submeter o seu pedido.
Quais as tendências da economia portuguesa nos próximos anos?
Falar de tendências econômicas em um cenário incerto pós-pandêmico e no início de uma guerra em um país europeu, é um desafio muito grande.
Apesar disso, se o comportamento da economia de Portugal se manter como nos últimos anos, a tendência é que a economia, mesmo se afetada, se recupere rapidamente.
No entanto, para 2022 e 2023 (pelo menos), o que se espera é que a inflação seja a maior vilã da economia de Portugal.
Assim, se você estiver se planejando para morar ou até mesmo viajar para Portugal, é importante levar tal ponto em consideração, pois o custo de vida poderá aumentar e, com isso, um maior planejamento financeiro será necessário.
Por outro lado, com a tendência da modernização da economia portuguesa e maiores investimentos dos setores de indústria e tecnologia e inovação, pessoas que tiverem histórico profissional altamente qualificado poderão ter bons rendimentos, já que as oportunidades em tais setores estão aumentando e a mão-de-obra no país é escassa.
Por fim, para concluir, a economia de Portugal, assim como de qualquer outro lugar, possui seus altos e baixos, com a diferença que na portuguesa, há um histórico de resiliência notável, o que a torna uma confiável para investimentos e, talvez, seja por isso, sempre ganha destaque entre os países da União Europeia.