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Na gastronomia, na cultura, ou nos hábitos populares: as tradições portuguesas são um dos maiores orgulhos do país. Saber mais sobre essas tradições é um requisito básico para quem vem a Portugal, mesmo que a passeio ou para morar definitivamente.
Para começar, um desafio: reflita a respeito da primeira coisa que vem à sua mente quando ouve a palavra “Portugal”. É muito possível que o que você pensar, seja um dos elementos do texto abaixo, principalmente se você nunca esteve no país.
Famoso por ser um território que conversa seus costumes, hábitos e fatos históricos, Portugal, por meio do seu povo, resgata e traz à tona sua cultura de maneira divertida, através das festas e comemorações, e também de maneira respeitosa, quando o tema é acerca do significado dos antepassados, por exemplo.
As tradições portuguesas ainda estão presentes na gastronomia, e os elementos que remontam às tradições aparecem no prato principal, na bebida ou na sobremesa. A cultura e a arte permanecem fortes nesse quesito, demonstrando razões pelas quais as tradições portuguesas são tão cativantes. Veja mais sobre essas preciosidades, de acordo com alguns dos tópicos selecionados especialmente para você! Encante-se, mais uma vez, por Portugal.
Lista com as principais tradições de Portugal
O Bacalhau
Já inicialmente, nada melhor do que falar sobre o bacalhau, o peixe mais característico das tradições portuguesas. O país é o maior consumidor de bacalhau do mundo, ainda que não seja o maior produtor, e sim, a Noruega.
E para entender como essa história começa, cabe saber que em um tempo, nos séculos XV e XVI, os portugueses passavam muito tempo navegando ou praticando atividades no mar e não tinham acesso aos alimentos frescos. A solução veio com o bacalhau salgado, algo que se preservava pelo tempo necessário em alto mar. Em terra firme, esse era um período de escassez de dinheiro para comprar peixe fresco, assim o bacalhau foi ganhando cada vez mais fãs e tipos de receitas, e até hoje é o queridinho da gastronomia portuguesa.
Há outros pratos principais que também fazem sucesso no país como, por exemplo, a Francesinha no norte e a sardinha assada, muito presente em dias de festas populares e dias santos.
Bacalhau à Brás
A primeira referência histórica desse preparo de bacalhau é do manuscrito de Francisco Borges Henriques, de 1715, intitulado “Receitas de milhores doces e de alguns guizados”, onde a entrada descrita aparece no manuscrito como “frigideiras de bacalhau”. O Bacalhau à Brás é, por assim dizer, um símbolo do bacalhau em Lisboa. A invenção deste prato é atribuída a um dono de taberna do Bairro Alto, do final do século XIX, que carregava o nome “Braz”. Em terras espanholas, o prato é também conhecido como “revuelto de bacalau a la portuguesa”.
O preparo é especial, momento em que o bacalhau é desfiado. Numa tigela, batem-se os ovos. Numa frigideira em fogo brando, com dentes de alho esmagados no azeite, as cebolas são salteadas e juntam-se os ovos previamente batidos, misturados com um garfo. No fim, o prato é temperado e é possível acrescentar salsa e azeitonas. Uma verdadeira iguaria e um claro exemplo de mais uma das tradições portuguesas! Que tal experimentar?
O Vinho do Porto
A harmonização ideal para um banquete português vem junto ao vinho escolhido para a refeição. O mais famoso em Portugal, apreciado antes ou depois das refeições, é o vinho do Porto.
Bebida marcada pelo sabor levemente adocicado e teor alcoólico mais elevado, este vinho tem, geralmente, entre 19 e 22% de volume alcoólico. Responsável por uma importante aliança comercial entre Portugal e Inglaterra no século XVII, a bebida simboliza o país e tem sua produção concentrada na região da cidade do Porto, exatamente nas caves em Vila Nova de Gaia; mas as vinhas principais estão na região do alto do Rio Douro. Ou seja, nada mais representativo quando se trata de tradições portuguesas do que um vinho com tanto sabor e reconhecimento, mundo afora.
O Vinho Verde
Outra relíquia de Portugal é o vinho verde, apenas produzido na Região Demarcada dos Vinhos Verdes, situada entre os rios Douro e Minho. Assim, é nessa região que os Vinhos Verdes desenvolvem a sua frescura, a sua leveza e a exuberante cor vibrante e límpida que inclui as seguintes especialidades: brancos, tintos e rosés.
A Região do Vinho Verde possui, na natureza do solo, ambiente e solo de crescimento específico de microclima, variedades de uvas endógenas e práticas e métodos de vinificação cultural, fator que confirma e consagra a singularidade dos Vinhos Verdes.
Há 111 anos que a Região do Vinho Verde foi declarada pela Carta Jurídica como uma Região Demarcada do Vinho Verde. Deste modo, esses são vinhos com baixo teor alcoólico, frescos e jovens, únicos no mundo. Elemento que compõe as tradições portuguesas, este é um vinho para celebrar as diferentes estações do ano!
O Azeite
Agora, estamos falando de um item que não pode passar em branco sempre que o assunto gira em torno de Portugal: o azeite português. Produzido das azeitonas, frutos das oliveiras, além de ser saudável e recomendado por inúmeros profissionais da saúde, o azeite traz diversas propriedades e é cheio de significados, muitas vezes até religiosos.
É comum dizer que as oliveiras vieram antes dos portugueses. Há registros de que os visigodos já cultivavam a planta e já deviam ter herdado o costume dos romanos. A palavra az-zait significa suco de azeitona.
A Estremadura e o Alentejo foram as primeiras províncias portuguesas a iniciar a produção olivícola. Se a ideia é resgatar a história, o azeite está presente na bíblia, no Êxodo e no Gênesis, quando uma pomba branca traz no bico um ramo de oliveira para mostrar a Noé que a arca está perto de terra firme. De igual maneira, aparece no Alcorão, quando canta a árvore que nasce no monte Sinai e refere-se ao óleo que dela extrai para ser transformado em luz de candeia. Portanto, o azeite surge como outro conceito verdadeiro de tradições portuguesas.
Pastéis de Belém e doces conventuais
Há quem brinque a dizer: “se você não esteve na Rua de Belém, tudo o que se conhece são pastéis de nata e não pastéis de Belém”. Bom, antes de qualquer coisa, vale a informação: o pastel de Belém é, com certeza, o mais famoso doce português. Porém, atenção, a pastelaria, em Portugal, está relacionada aos doces e não ao que, no Brasil, se conhece como pastel (geralmente salgado, de feira).
É um doce com formato semelhante ao de uma empada, mas o sabor é algo difícil de descrever, algo doce, mas não enjoativo, meio amanteigado e com sabor a creme. A massa folhada é crocante e saborosa, o recheio é um creme de ovos, leve.
A partir disso, vem a curiosidade: apenas são chamados pasteis de Belém os que são produzidos na empresa ao lado do Mosteiro dos Jerônimos, em Lisboa.
O pastel de Belém vem acompanhado de uma longa lista de doces típicos portugueses feitos a base de ovos. A origem destas iguarias está na Doçaria Conventual e tem origem no século XV (período em que o açúcar entrou na tradição gastronômica dos conventos). A variedade de doces é enorme por todo país e é comum encontrar um doce típico para cada cidade. Há o pastel de Tentúgal, o pão de Ló de Ovar, os ovos moles de Aveiro, as Tíbias de Braga, o pastel de Vouzela, as clarinhas de Esposende e os travesseiros de Sintra.
Quem não conhece deve mesmo provar, e é interessante fazer a comparação entre esses doces e os brasileiros, pois os portugueses não levam tanto açúcar em seus preparos.
Galo de Barcelos
Se algum amigo ou parente viajou a Portugal, provavelmente pode ter lhe presenteado com um Galo de Barcelos, seja estampado em alguma caixa decorada, como cartão postal ou, ainda, em formato de imã de geladeira. Sim, porque este é um dos principais símbolos de Portugal pelo mundo afora, atravessando continentes.
No entanto, um detalhe fundamental: o Galo é um símbolo típico da cidade de Barcelos e não é considerado pelos portugueses como um grande ícone nacional. Dizem sobre o Galo de Barcelos que, na época medieval, houve um julgamento que teria condenado à forca um peregrino a caminho de Santiago de Compostela. Porém, o homem quando ouviu a sentença, estava em frente a uma travessa na mesa, com um galho inteiro assado, e então bradou: “É tão certo eu estar inocente, quanto este galo amanhã de manhã cantar”. Pois dito e feito, na manhã seguinte o Galo de Barcelos cantou e o peregrino foi libertado. Essa é uma das histórias populares que envolvem este símbolo.
Em Barcelos há várias estátuas do Galo com várias cores e tamanhos. O mais conhecido é o galo preto com a crista vermelha e desenhos de corações coloridos pelo corpo. Em razão dessas informações é possível ressaltar o Galo como uma das tradições portuguesas de valor.
A palavra Saudade
“Saudade, palavra triste, quando se perde um grande amor…” É isso, uma das palavras mais referidas quando se trata de Portugal, vem com o termo “saudade”. O interessante é que não existe uma tradução possível em outros idiomas, tornando-a ‘exclusiva’.
A real simbologia, como todos sabem, condiz com um conjunto de sentimentos, normalmente causados pela distância ou ausência de algo ou alguém. É a falta que determinado momento, pessoa, lugar ou situação causa nas pessoas.
Mas, afinal, de onde vem a saudade? A palavra faz parte do vocabulário cotidiano dos portugueses e, também, do povo brasileiro. Existe a ideia de que a palavra vem do árabe “saudah”. Outros entendem que a sua origem está no latim “sólitas”, que significa solidão.
De qualquer modo, os portugueses conectaram outros significados à “saudade”. Dizem até que passou a fazer parte do dicionário dos portugueses no tempo dos Descobrimentos Marítimos. Assim, saudade definia a solidão que os portugueses tinham da sua terra, familiares e amigos, quando estes partiam para o Brasil.
O Fado
Não existe melhor jeito de entender a alma portuguesa do que ouvir um bom fado. As letras geralmente refletem sentimentos profundos e que falam da terra, da família, do amor e da saudade. O fado é a trilha sonora de Portugal. Este gênero musical eternizou-se na voz de Amália Rodrigues, desde que alcançou o panorama mundial, a partir de 1940.
É um estilo musical que tem o poder de mexer com as emoções. Atualmente, as principais artistas que embalam os portugueses são Ana Moura, Marisa e Gisela João. Recentemente o fado deixou de ser sinônimo de música triste e tem se modernizado em estilos mais alegres. Tem até canções feitas para crianças, como é o caso de “Senhor Extraterrestre”, cantado por Gisela João.
A voz é a alma do fado, mas ele não é completo sem bons instrumentistas que elevam a música, tocando com perfeição instrumentos como a viola e a guitarra portuguesa.
A saber: este estilo tão português de se cantar e se fazer música nasceu em contexto popular, na Lisboa oitocentista.
Os temas formavam-se fundamentalmente na rotina urbana. Por isso, o fado começou, então, associado a contextos sociais. Desde esse período, ganhou expressão nas mais variadas festas populares de Lisboa e rapidamente chegou ao teatro, através das peças de Revista.
Cante Alentejano
Totalmente diferente, cativante e único: o Cante Alentejano foi reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO, em 2014. Poucas tradições portuguesas enaltecem tão bem a alma de um povo como o Cante Alentejano, que não utiliza qualquer instrumento musical, sendo a voz a única componente desta tradição. As suas origens estão relacionadas com a atividade agrícola e mineira da região do Alentejo.
O canto é mantido pelos grupos de coro, alguns deles já centenários, e sempre ocorreu em cenários informais, quer seja a trabalhar no campo ou em festas, a celebrar acontecimentos dos povoados. As letras falam de sentimentos e de momentos do dia-a-dia e o canto passou a ser difundido a partir do final do século XIX.
Dado este motivo, essa pode ser caracterizada como uma das mais apreciadas tradições portuguesas.
Os Azulejos
É praticamente impossível passear por qualquer cidade portuguesa e não notar a presença dos azulejos. Eles estão presentes em boa parte da arquitetura das casas, igrejas, edifícios e estações de trem.
O desenvolvimento do azulejo começou no fim do século XV, quando a decoração ornamental muçulmana influenciou a arte portuguesa. As técnicas das cerâmicas mouriscas de Sevilha, na Espanha, o método de fabricação e pintura de faianças de origem italiana, o brilho e a exuberância dos motivos ornamentais, além da intensidade do azul proveniente da tradição das cerâmicas chinesas acabou por influenciar os azulejos portugueses, o que os tornou e torna únicos e multifacetados.
A cidade de Ovar é considerada a cidade museu dos azulejos e cada edificação é uma verdadeira obra de arte, que deve ser apreciada com o devido cuidado. Se você ainda tinha alguma dúvida, desta maneira confirma a sua certeza: os azulejos são mais uma linha que explora o design, a contemporaneidade e as tradições portuguesas.
Estilo Manuelino
E como a arte foi mencionada, pode-se puxar pela arquitetura e citar, nesse caso, o Estilo Manuelino, também referenciado como gótico português tardio ou flamejante. Característico do reinado de D. Manuel I, é marcado por uma sistematização de emblemas iconográficos próprios, de grande porte, simbolizando o poder régio.
O termo “Manuelino” foi criado por Francisco Adolfo Varnhagen, em 1842. E, assim, o Estilo desenvolveu-se numa época propícia da economia portuguesa, que rendeu marcas em todo o território lusitano.
Com formas exuberantes e requintadas, a janela, tanto em edifícios religiosos como comuns, é um dos elementos arquitetônicos onde melhor se pode observar este estilo. Estes motivos artísticos do Manuelino aparecem em construções, pelourinhos, túmulos ou mesmo peças artísticas.
Festas e Romarias
Não há quem venha a Portugal em período específico e não tenha visitado alguma festa ou participado de uma romaria portuguesa. Essas festividades e homenagens levam centenas e milhares de pessoas para as ruas, do interior às cidades maiores. Ocorrem, ocasionalmente no Verão. No entanto, muitos turistas podem curtir as festas até em meses alternados.
Visitar uma aldeia, vila ou cidade em Portugal durante as suas festas tradicionais é sinônimo de boa comida, vivência do folclore e convívio com as comunidades. Músicos da região, barracas de feiras, artesanato local, celebrações religiosas, danças populares e outras atrações são apenas alguns dos exemplos do que os visitantes encontram ao se juntarem a essas comemorações.
A Festa de São Gonçalinho, a Festa da Flor, a Festa do Senhor Santo Cristo, a Feira de São Tiago, a Festa dos Tabuleiros, a Festa do Castanheiro e os Mercados de Natal formam algumas das variedades de Festas, grandes tradições portuguesas.
Lenço dos Namorados
A origem desta peça tem diferentes interpretações, no entanto, existe uma versão que reúne maior consenso: os primeiros lenços, inicialmente pontuados a duas cores (preto e vermelho) foram criados por mulheres de classes baixas tentando reproduzir outros que eram comuns no povoado onde moravam.
Alguns citam o século XVII ou XVIII como o da sua origem – no entanto, outros dirão que estes lencinhos, como também são conhecidos, apenas ganharam vida em meados do século XIX, quando, nas zonas rurais, alguns homens na idade do casamento começaram a usá-los como acessórios (provavelmente oferecidos pela sua amada).
Reza a lenda que uma moça, que nutria sentimentos por um rapaz, não viu outra maneira de manifestar o seu amor senão através do bordado em lenços, confessando, em palavras transcritas por agulha e linha, tudo o que sentia. E, dizem, foi desse jeito que originou-se o Lenço dos Namorados. As histórias são muitas, contudo, a verdade é que este é um belo modo de se declarar e interpretar o amor.
Tapetes de Arraiolos
Tão bonitos quanto carregados de significados, os tapetes de Arraiolos são artigos bordados com lã sobre tela de juta ou algodão, tradicionalmente confeccionados na vila de Arraiolos, em Portugal. As referências mais antigas à técnica de fabrico de tapetes de Arraiolos datam de finais do século XV.
Logo, são tapeçarias com uma técnica em que a costura se faz em pontos cruzados. O ponto é chamado de Ponto de Arraiolo, daí o nome do estilo dos tapetes. São as bordadeiras que levam o estilo dessa tapeçaria adiante, ensinando as filhas, netas e sobrinhas a costurar dessa maneira peculiar.
Existem histórias de que os muçulmanos expulsos de Lisboa pelo rei D. Manuel que criavam esses tapetes teriam se instalado em Arraiolos e continuado no exercício de suas profissões, prosperando na cidade e passando a técnica para frente.
O Artesanato
De forma geral, o artesanato é uma das formas de se conhecer um país, por transmitir os valores e costumes de uma região. Em Portugal, além de modelos específicos de artesanato já mencionados, o destaque vai para a joalheria dominada pela Filigrana, a arte de trabalhar finíssimos fios de ouro e prata que adornam os trajes típicos portugueses e podem ser admirados em Viana do Castelo, no Museu do Ouro e no Museu do Traje.
Outro artesanato tradicional em Portugal são as peças feitas a partir de Cortiça, considerada como uma joia nacional. Depois que se bebe uma garrafa de vinho, as rolhas de Cortiça podem parecer inúteis, mas os artistas lhes dão uma nova roupagem e as utilizam para criar obras impressionantes.
As bolsas, os sapatos, os detalhes em vestidos, colares, objetos de decoração, enfeites, e uma infinidade de produtos fabricados, principalmente na região do Alentejo, dão vida à Cortiça com uma delicadeza nunca antes vista.
Uma invenção recente, o tecido de Cortiça transformou a atuação da indústria e realçou as propriedades tão apreciadas desse material, já que ele é resistente, versátil, reciclável, hipoalergênico e possui pontos positivos se o assunto é a questão térmica ou acústica. Um brinde, com um bom vinho, às tradições portuguesas e à Cortiça!
Com todas essas explicações a respeito de Portugal e da sua história e povo, esperamos que você tenha encontrado razões para visitar esse país tão rico em termos culturais!