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Elemento “queridinho” dos lusitanos em qualquer refeição, seja para temperar saladas, refogar alimentos ou dar mais sabor a um cozido, o azeite de Portugal é reconhecido pela sua qualidade. É das oliveiras que se extrai esse líquido precioso, componente característico de uma alimentação saudável.
Portugal lidera na sexta posição quando o assunto é a produção mundial do azeite. Conheça mais sobre o azeite português típico do Mediterrâneo, a sua história, regiões produtoras, Museu do Azeite, curiosidades e a seleção dos melhores azeites. Acompanhe a leitura!
História do azeite de Portugal
Foi ao longo do séc. XIII que surgiram registros das oliveiras em Portugal, no entanto, apenas nos séculos XV e XVI o azeite tornou-se um produto importante, em que seu cultivo se estendeu às outras regiões do país, começando a movimentar a economia de maneira favorável.
Nos primórdios, era cultivado na região de Aveiro e, a partir do século XVI, o Norte de Portugal passou a ser forte no que se refere ao plantio das oliveiras. Um fato curioso é que foi em Évora, no ano de 1392, que se difundiu a primeira regulamentação do chamado ofício de lagareiro.
Não tardou para que o delicioso artigo começasse a ser premiado em exposições internacionais. O “Azeite Herculano” ganha destaque com o primeiro prêmio em Anvers (1894) e, depois, em Paris (1889). A contar deste período, os interesses em torno do cultivo e da venda do produto cresceram, junto com as exigências dos produtores.
Assim, os grandes empresários do azeite de Portugal passaram a exigir, especialmente, um regulamento acerca da importação de azeite e outros óleos. Eles argumentavam que apenas poderia ser aceita a importação se houvessem altos preços, caso contrário, a importação não seria permitida.
Mas, justamente durante os anos de 1945 a 1947, com o êxodo rural e a escassez de mão-de-obra, o azeite português inicia uma nova fase, de desaceleração, no que diz respeito à presença no mercado.
Entretanto, nas últimas décadas, observa-se novo fôlego na produção de azeite, com a aposta na plantação de olivais que utilizam métodos e tecnologias para gerar mais praticidade, celeridade e otimização ao processo, da colheita das azeitonas à fabricação do azeite.
Após a entrada de Portugal na Comunidade Europeia, na década de 1980, iniciou-se uma série de programas e atividades, com destaque para o Programa Nacional de Olivicultura (PNO), que analisou e demarcou a área destinada à produção no país.
Regiões produtoras de azeite em Portugal
O plantio das oliveiras, que vão originar esta iguaria culinária, está presente, particularmente, em seis regiões que possuem Denominação de Origem Protegida na produção de azeite: Trás-os-Montes, Beira Interior, Ribatejo, Moura, Alentejo Interior e Norte Alentejano.
A começar por Trás-os-Montes, Norte de Portugal, sabe-se que a cultura da oliveira acontece naquela que é conhecida como “Terra Quente”, correspondente a Valpaços, Mirandela, Macedo de Cavaleiros, Vimioso, Izeda (Bragança) Murça, Alijó, Alfândega da Fé, Mogadouro, Vila Flor, Carrazeda de Ansiães, Tabuaço, Torre de Moncorvo, Vila Nova de Foz Côa e Freixo de Espada à Cinta. É essencial ressaltar que estas terras são feitas de montanhas e planaltos de xisto.
Depois, a Beira Interior, que inclui os azeites da Beira Alta e Beira Baixa. Situada no Centro de Portugal, esta região é distinguida por encantadoras paisagens e compreende um total de 24 concelhos. Inclusive, o Museu do Azeite português situa-se na Beira Interior, em Belmonte e, muito perto de Idanha-a-Nova, o Núcleo Museológico do Azeite.
Em direção a Lisboa, chega-se ao Ribatejo, mais um espaço geográfico pertencente à DOP e que abrange Abrantes, Santarém, Torres Novas e Tomar.
Mais para sul surge o Alentejo, onde há a maior produção de azeite em Portugal. O Norte alentejano envolve uma vasta região que se estende de Portalegre a Reguengos de Monsaraz. Os azeites de Moura unem as produções de Moura, Serpa e Vila Verde de Ficalho. Por outro lado, no Alentejo Interior, estão os municípios de Portel, Vidigueira e Torrão.
É necessário dizer que o Alentejo comercializa as famosas azeitonas de Conserva de Elvas e Campo Maior, azeitonas de mesa de qualidade que também têm certificação DOP.
Mesmo no Algarve, um pouco mais distante, também há presença de extensões DOP do azeite português. Portanto, é possível afirmar que as plantações se estendem sim, por todo o território português, embelezando ainda mais as diferentes zonas geográficas do país.
Museu do Azeite
Belmonte reserva um espaço dedicado a contar mais informações sobre a produção de azeite português, técnicas empregadas em seu cultivo e a importância que o ingrediente gastronômico tem, tanto economicamente, quanto num contexto de cultura e tradições.
Dentro da estrutura, o visitante perceberá que ela é constituída por três pisos. Em seu exterior, existe um espaço de lazer, onde também se preserva um olival e um local em que há a maior parte dos detalhes e das curiosidades referentes aos seguintes assuntos: “A Oliveira e a Civilização”, “A Oliveira em Portugal”, “Olivais da Cova da Beira”, “A importância Ecológica do Olival”, “Ciclo anual da cultura da oliveira e produção de azeite” e “Introdução à tecnologia do Lagar de Belmonte”.
Outros temas como “Explicação do Processo Produtivo Local”, “Tipos de Azeite” e “O Futuro do Azeite – Experiências de Valorização” também fazem parte das explicações relacionadas à experiência do visitante, que poderá aproveitar a sua ida a Belmonte para, ainda, conhecer outras cidades do entorno da Serra da Estrela.
Ideal para passeios em família e grupos turísticos, o Museu caracteriza-se por ser uma construção multifuncional, com restaurante panorâmico de qualidade em que são servidas refeições típicas, além de uma cafeteria.
Aos interessados, o Museu do Azeite está aberto de terça a domingo. O horário de inverno (15 de setembro a 14 de abril) é das 9h00 às 12h30 e das 14h00 às 17h30. Já o horário de verão (15 de abril a 14 de setembro) é das 9h30 às 13h00 e das 14h30 às 18h00. A marcação de visitas se dá através do e-mail empds.belmonte@cm-belmonte.com.
Curiosidades
Um dos casos curiosos sobre o universo dos azeites acontece por conta do Maior Olival do Mundo. E ele é português. Quem é responsável por isso é o Grupo Mello, detentor da marca Oliveira da Serra. Em 2010, o grupo empresarial comprou 5200 hectares de olival, no Alentejo. A negociação chegou ao pagamento de 91 milhões de euros.
Assim, junto do restante do terreno já pertencente ao Grupo Mello e a outras empresas parceiras, cresce para 9700 hectares a área plantada, o que resulta em mais um ponto positivo para o incremento da agricultura portuguesa.
A iniciativa faz parte do projeto Elaia, lançado em 2007, voltado a criar, desenvolver e atender um dos maiores e melhores olivais intensivos (que conta com 200 a 300 árvores por hectare e sistema de tecnologia avançada de cultivo).
Em Portugal, a Elaia tem diferentes polos de gestão situados no Alentejo, em Campo Maior, Elvas e Avis. No entanto, é em Ferreira do Alentejo, nos 2500 hectares da Herdade dos Marmelos, que há a maior aposta do Grupo Mello.
Mas os conhecimentos importantes sobre o azeite de Portugal não terminam por aí. Você sabia que todo azeite português é feito a partir de azeitonas? É isso mesmo. Em outros países, é fácil encontrar, até mesmo nos hipermercados, algum erro de comunicação nos rótulos e falta de diferenciação entre óleo e azeite. Até na Espanha, pode-se citar que qualquer óleo é nomeado “aceite”. Já, na Itália, o azeite é conhecido como “olio di oliva”, diferentemente da França, em que se denomina “huile d’olive”. Por este motivo, vale a dica! Fique tranquilo porque, em Portugal, só é azeite aquele fabricado com base em azeitonas, sem confusões com óleos.
Quais os melhores azeites de Portuga?
Dentre as famosas premiações que apresentam os azeites de destaque, avaliados em qualidade, estão o concurso Evooleum, da Espanha. O Evooleum dá espaço para que sejam enaltecidos os melhores azeites extra-virgem do mundo, e Portugal está nesta seleta lista, com quatro azeites.
O guia 2020 dos melhores azeites possui 100 produtos, e os espanhóis lideram a lista com 81 azeites de diferentes marcas. Depois, surgem 12 azeites italianos premiados. E, então, quatro azeites de Portugal, dois da Croácia e um da Eslovénia.
O azeite ‘Oliveira da Serra – Lagar do Marmelo’ produzido em Ferreira do Alentejo conta com 86 pontos. Já o ‘Oliveira da Serra – Seleção Verde’, e o azeite ‘Gallo – Colheita ao Luar’ soma 88 pontos.
O campeão da disputa, contudo, foi o ‘Cabeço das Nogueiras Premium’, que soma 89 pontos. Este azeite é da Sociedade Agrícola Ouro Vegetal, da região de Abrantes, no Ribatejo.
O espantoso é que os artigos culinários estão à venda em grandes redes ou em feiras específicas, custando abaixo dos seis euros. O único mais caro é o azeite de Abrantes, comercializado por dez euros. Vantajoso para os que pretendem apreciar esses produtos vencedores!
Outra premiação de renome é o Concurso Internacional de Azeite de Nova Iorque (NYIOOC). Neste ano, os azeites da marca Gallo também fizeram sucesso por lá, o que garantiu três medalhas de ouro para Portugal (Grande Escolha, Colheita Madura, Gallo Azeite Novo Colheita) e duas de prata (Reserva e Gallo Bio). Incrível, não é?