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Conhecer como é a influência do trabalho dos portugueses em suas vidas é uma excelente forma de conhecer a cultura e a economia de Portugal.
Apesar do mercado de trabalho lusitano ter passado por transformações significativas nas últimas décadas, com o crescimento da economia, a evolução tecnológica e as mudanças nas demandas do mercado, o trabalho dos portugueses tem se adaptado para atender às novas necessidades e a cada dia tem tomado novas formas.
Assim, pensando nisso, e aproveitando a série de artigos que estamos fazendo com base no último Censo de Portugal, vamos falar um pouquinho sobre esse tema por aqui.
Além disso, também falaremos quais os desafios que devem ser enfrentados, como é o mercado português em comparação com outros na Europa, quais as chances de conseguir um bom trabalho por lá e passamos mais algumas dicas para você ter uma boa ideia sobre o assunto.
E se você quiser conferir outros artigos que fizemos com base no Censo de Portugal, você pode conferir temas como as moradias em Portugal, bem como sobre como são os portugueses, além de saber como é o nível educacional dos portugueses e como eles envelhecem.
Como o crescimento da economia portuguesa influenciou no trabalho dos portugueses
Apesar de Portugal ter uma economia considerada estável, nem sempre foi assim e após ter passado por crises, sendo a última em 2008, muitas lições foram aprendidas e a economia do país passou a prosperar significativamente nos últimos anos.
Entretanto, mesmo assim, segundo os dados levantados pelo Censo, do período de 2000-2018, o país estava entre os 3 países da União Europeia que cresceu menos, com uma média anual de 0,8%, mas ainda à frente da Itália (crescimento médio de 0,4%) e Grécia (0,3%).
Com esse cenário, o que se tem visto nos últimos anos é que o trabalho dos portugueses deixou de se concentrar nos setores primário (matéria-prima) e secundário (indústria), para se concentrar no setor terciário (comércio e serviços), o que é um ótimo sinal de desenvolvimento para o um país.
Somente para se ter uma ideia, segundo o Censo, em 2018, 69,1% da população estava empregada no setor terciário, contra 31,4%, em 1974. Já o setor primário, em 1974, empregava quase 35% da população, contra apenas 6%, em 2018.
Quais setores que geram mais emprego em Portugal
Diante das mudanças e evolução na economia, a distribuição dos empregos em Portugal é bastante dinâmica e, segundo os dados publicados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) português, em 2018, os setores que empregavam mais os portugueses eram:
- indústrias transformadoras;
- comércio;
- reparação de veículos;
- saúde e apoio social;
- educação;
- hotelaria e gastronomia.
Além disso, o Pordata também publicou que, em 2022, do total da população portuguesa empregada, que é de quase 5 milhões de pessoas, 3,5 milhões estão no setor terciário.
Ou seja, se você está pensando em trabalhar em Portugal, além do setor de TI, que é uma área com muitas oportunidades, você também poderá ter maiores chances de conseguir emprego nos setores de serviços e comércio.
Qual o nível de educação necessário para se trabalhar em Portugal
Falamos em outro artigo como é o nível educacional dos portugueses, o qual, ao longo da história do país, evoluiu bastante.
Assim, é natural que quanto maior o nível de escolaridade da população, mais vagas serão ocupadas por pessoas graduadas.
Segundo os dados publicados no último Censo, somente no setor secundário, enquanto em 1998 o percentual de trabalhadores com ensino secundário ou superior era de apenas 23,4%, em 2018 este valor já era de 57,5%.
Dessa forma, é fácil concluir que, ter ao menos uma formação no ensino superior é importante para se diferenciar no mercado português e poder concorrer em grau igualdade, além de ser mais fácil de conseguir melhores posições e melhores salários.
Por outro lado, apesar do trabalho dos portugueses ser ocupado por uma maioria graduada, Portugal ainda tem espaço para evoluir, se comparado com outros países da União Europeia, já que ocupa o quinto valor mais baixo da população empregada com ensino superior. Tal dado é justificado, principalmente, pelo envelhecimento da população.
Qual o cenário para os trabalhadores por conta própria
Portugal é conhecido por ser um país bastante convidativo para o empreendedorismo. Assim, muitos se encorajam a trabalhar por conta própria, seja para trabalhar sozinho ou para empregar outras pessoas.
Para fazer uma comparação com outros países da Europa, enquanto em Portugal, em 2018, a porcentagem de trabalhadores por conta própria era de 16,2%, nos outros países da União Europeia, era de 14,2%.
Apesar da diferença não ser tanta, considerando que a população de Portugal não é tão grande assim, esse percentual representa boa parte do trabalho dos portugueses.
Além disso, se por um lado trabalhar por conta própria pode gerar mais liberdade e oportunidade para que você não tenha exclusividade com único cliente (que seria o caso dos que trabalham por conta de outrem, por exemplo), uma pesquisa publicada pelo INE revelou que quase 75% dos que trabalham por conta possuíam dependência econômica de somente um cliente.
Ou seja, o que se percebe é que muitas empresas portuguesas preferem contratar uma mão-de-obra terceirizada, para ter menos despesas trabalhistas e não criar vínculo, apesar de não oferecerem a chance para do profissional ter mais clientes, pois uma única empresa já consome todo o seu tempo.
Entretanto, por um lado, pode ser vantajoso ter esse tipo de relação, pelo o que vamos falar a seguir.
A inflexibilidade no trabalho dos portugueses
Uma das informações que foi levantada pelo Censo português é justamente sobre a inflexibilidade do mercado de trabalho português.
Aqui não falamos de inflexibilidade das empresas, em si, mas sim, do mercado de trabalho como um todo.
O que se percebe é que como os custos para contratação e demissão de funcionários é muito alto em Portugal, e há muitos mecanismos de proteção para a demissão daqueles que possuem contratos permanentes, o processo se torna muito complicado como um todo, especialmente para as pequenas e médias empresas.
Com isso, além do aumento na contratação de profissionais que trabalham por conta própria, há também um aumento na celebração de contratos temporários de trabalho.
Segundo dados da Pordata, em 2018, 22% dos trabalhadores em Portugal possuíam contratos temporários, ou seja, mais de 1 em cada 5 trabalhadores. Apesar do contrato temporário poder ser renovado, ele acaba gerando sempre uma insegurança.
Por esse motivo, se houvesse uma maior flexibilização do mercado de trabalho português, as empresas se sentiriam mais confiantes para celebrar mais contratos permanentes, já que poderia contar com a diminuição dos custos e dos riscos de contratação.
Bons salários em Portugal: é possível?
Um dos desafios de Portugal é deixar de ser considerado um dos países da União Europeia que paga um dos menores salários mínimos do bloco.
Apesar do valor estar subindo gradualmente, hoje em 820€, o salário mínimo português ainda está aquém do que os portugueses gostariam que fosse.
O que o Censo português revelou, entretanto, é que salários maiores são possíveis em Portugal, de acordo com o grau de escolaridade que você possui. Assim, quanto mais qualificação, mais chances de ter bons salários (o que é, basicamente, o caminho natural).
Assim, o que foi apresentado é que entre 1988 e 2013, o aumento da educação da população portuguesa foi responsável por 75% do aumento dos salários.
Dessa forma, se você se enquadra na categoria de mão-de-obra qualificada ou possui boa formação, suas chances de ir para Portugal com um bom salário, são maiores.
E, apesar de ser um desafio conseguir um bom emprego em Portugal, há muitas oportunidades em setores como tecnologia, turismo, saúde e finanças, que oferecem bons salários e benefícios.
Como é a produtividade portuguesa
A produtividade portuguesa é considerada outro desafio!
Por ser um fator importante para o sucesso do mercado de trabalho em qualquer país, um dos desafios que os trabalhadores portugueses enfrentam é a baixa produtividade em comparação com outros países europeus.
Só para se ter uma ideia, no período entre 1996 e 2015, a produtividade em Portugal aumentou de forma sustentável, crescendo acima dos 3% ao ano, porém, como nem tudo são flores, tal valor passou a diminuir entre 2014 e 2018, para apenas 0,5%.
Isso pode ser explicado por uma série de fatores, como a falta de investimento em tecnologia e treinamento, bem como a cultura de trabalho que valoriza a quantidade de horas trabalhadas em vez da qualidade do trabalho realizado, mas o desafio é mudar esse cenário.
Umas das formas para tentar mudar isso é justamente através da tecnologia que, pode ser um pouco controversa.
Se por um lado a tecnologia tem sido um dos principais motores da transformação do mercado de trabalho em Portugal, ela também tem sido responsável pela automação de muitos empregos, o que tem gerado preocupação em relação ao futuro do trabalho.
Ou seja, muitos desafios para o mercado de trabalho de Portugal, mas nenhum deles que seja exclusivo das terras lusitanas.
Conclusão geral sobre o mercado de trabalho português
Como falamos, o mercado português tem evoluído muito durante os últimos anos e é natural que desafios surjam ao longo do processo.
Por outro lado, há sempre um lado positivo para os desafios que o governo português possui com relação ao assunto, e com o tempo, espera-se que o mercado de trabalho em Portugal se torne ainda mais dinâmico e ofereça mais oportunidades para aqueles que buscam uma carreira bem-sucedida e estável.
Então, se você pensa em trabalhar em Portugal, o melhor momento para surfar essa onda é agora.